Dentro da mais bela e
ornamentada esquife jazia o silêncio de que apregoava a todo tempo a sua absoluta
e temporal supremacia.
A vida é como uma peça de
teatro em que representamos com fidelidade o papel de nossas vidas, até que as
luzes se apaguem e fecham-se as cortinas e as cadeiras se tornem vazias ...
Enquanto respiramos vivemos
eternamente achando que somos perenes ignorando que a vida não passa um pálido
folego.
ignoramos que todos nós, sem acepção de
pessoas, já nascemos com prazo de validade, e que mais cedo ou mais tarde
teremos que enfrentar a dura realidade da morte que a espreita nos espera a
qualquer hora, em qualquer lugar, de uma forma ou de outra, e como é
aterrorizante pensar nisto, saber um dia partiremos, que este mundo deixaremos.
A angustiante sensação da
incógnita dalém morte e por mais que se seja forte, este obscuro futuro que
ninguém quer prever ninguém se programa o sonha em morrer, mas ela está lá,
assustadoramente a espreitar silenciosamente a esperar!
Tentamos ignorá-la, torna-la
um volátil utopia, mas seu angustiante espectro por onde ela mostra a sua
carranca que volta e meia nos espanta.
Trago comigo intrínseco a
consciência e amiúde repito com a máxima prudência um pensamento melancólico e
lancinante já que redundantemente o repito a todo instante...
Efêmero
Somos como as flores do campo
somos almas flores vegetais
frágeis, sensíveis,
bonitas até demais!
Somos como as flores dos jardins
emanando seu suave perfume
resplandecendo sobre a terra
todo o seu lume ...
Somos como as mais belas flores,
mas por mais lindas que o sejam,
são efêmeras
como efêmeros somos nós! ...
Nascemos pela manhã! ...
Embelezamos durante o dia! ...
Envelhecemos à
tarde! ...
E morremos ao anoitecer! ...
E na madrugada o orvalho humedece
a terra onde jazem nosso corpos pútridos
A única coisa que tem o
poder para aplacar a morte é morrer antes de ela acontecer, e a única forma de
isto acontecer, é estarmos literalmente mortos para um mundo, mas vivos para
Deus.