Lembro-me da
redundância
de uma oração
repetitiva
que parecia
mais um mantra
cujo em um
cântico
minha mãe as
vezes aos prantos
proferia o que
a feria
entre frases
repetidas
tão vazia sem
amor
ela rezava e
rezava
mas não falava
de sua dor .
E no cântico de
menino
que após ouvir
o sino
que tocava na
igreja
eu trazia a
certeza
da inocência de
minha infância
de ver minha
mãe sempre a rezar
com muitas
lágrimas no olhar.
Eu olhava pra
imagens
enxergava as
miragens
de um sonho tão
volátil
em meu mundo já
hostil.
de moleque de
favela
pés descalços
sobre a lama.
Mas o tempo foi
passando
e com o tempo
fui crescendo
e com este
tempo me perdendo
neste mundo tão
hostil
enquanto perdia
a inocência
já não era tão
menino
eu já não ouvia
mais os sino
era outro o meu
hino
como outra era
a minha imagem
em tão lúgubre
mensagem...
E a imagem em
silêncio
viu minha dor e
eu sem lenço
via o enterro
da minha mãe
que morreu sem
ver a luz
ela morreu sem
ter Jesus!
Sua ausência
qual doença
aumentou minha
carência
que me veio com
inclemência
e para minha
incoerência
a mim mesmo fiz
violência.
Fui pras drogas
fui pro álcool
me perdi no meu
futuro
e fiquei sem o
passado
que viveu sei
rotulado
como escoria um
desterrado.
A sarjeta foi
meu canto
e num canto sem
o encanto
sem eu ter nada
de santo
em silencio o
meu pranto
de absinto foi
meu cântico,
meu tormento
era tanto
e por tanto no
entanto
com a dor que
sempre aflora
como eu clamei
sozinho!
Me doía o
espinho
e rezava todo
dia
no vazio sem
alegria
e no silêncio
da imagem
eu não tive a
coragem
de mudar o meu
conceito
engendrei-me no
defeito
e o vazio do
meu peito
se encharcou de
utopia
não ouvia a ave
Maria
das seis horas
que dizia
numa voz tão
melancólica
que minha mãe
antes ouvia
a oração que
lhe dizia
da lembrança
que me ardia...
De uma mãe
doente e pobre
que toda tarde
me morria
enquanto
estando à beira rádio
sempre ouvindo
ave Maria!...
A cada vez que
embriagava
no vazio eu
olhava
e com lágrimas
o regava
ninguém via eu
chorava
como louco eu
clamava
mas ninguém me
escutava.
Foi um vento
que passou
e minha vida
avassalou
fui alguém que
sei errou
que ao vício se
entregou
e sem ter a
solução
se feriu no
coração
e seu grito foi
em vão.
Mas na hora da
minha morte
vi alguém mudar
minha sorte
seu amor me foi
tão forte
hoje ele é o
meu norte
e ainda que sei
fraco
Jesus Cristo me
faz forte
ele vive
e vive em
mim
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna.
-João, 3:16-
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