Ali, véio! O maluco tá
querendo pular da ponte.
− Nu, mano! Vamo lá antes que...
− Hi! Véio! Ele pulou! O cara já era.
− Mas por que ele fez isso?
− Sei lá, meu! A gente tem que chamar os home...
− Cê é doido! Eles vão segurar a gente, esqueceu do bagulho.
− Presta atenção, mané. A gente maloca ele primeiro.
− Aí, veio! A mochila dele ficou aqui em cima.
− Já é!
− Mexe não, doidinho! Larga isto aí, cara!
− Deixa de ser bundão, mané, nu, véio! É da pura!!!
− É melhor a gente pular fora mano, isto tá sinistro!
− Amarela não, véio! A gente correu a noite toda atrás, achou só
uma merrequinha e de repente cai de pará-quedas este tantão de pó do bão, e
você aí se borrando, meu irmão!
− E daí! Eu só fumava um bagulho de vez em quando. Cê é que tá se suicidando,
até a pedra já tá peitando, dá uma sacada no camarada lá em baixo! Ele tá todo
arrebentado, se desgraçou todo.
− Aí! Só porque o otário se ferrou não quer dizer que a gente vai
se ferrar como ele, tem um bilhete, pô, meu irmão, o camarada era poeta, meu!
Saca só!
Fundo do poço
− Taí! Gostei do título!
− Me dá este papel aqui! Cê num vale nada cara!
A vida começava...
Como o sol que nascia
e com ele a vida sorria.
Meus verdes anos
minha linda garota
a brasa muito quente
minha juventude ardente
expressiva, eloquente.
Eu me lembro!...
Como eu era contente
a turma da esquina
a esquina da vida
onde a turma se separou
cada qual foi pro seu lado
hoje tudo é passado.
Minha doce namorada
hoje é dona casada
meu amigo leal
converteu-se em marginal
minha mãe, sei, chora
esta maconha que eu fumo
o meu pai me pôs pra fora
esta droga que consumo
eu tentei parar...
Como parar?!
Já não quero me entregar
mas por mais que eu lute
é preciso me drogar!
Esta lágrima que choro
ninguém me compreende
sei que sou um viciado
rotulado delinquente.
O meu pai terá o alívio
sairei do seu convívio
minha mãe eu sei que vai chorar
mas com o tempo esquecerá
e um tanto aliviada
para sempre sorrirá.
Esta droga desgraçou-me
já não me importa para onde vou
eu só sei que tudo se acabou
quando tudo começou...
− Já vi que este camarada foi um fraco, mano!
− Em vez de julgá-lo nós temos que aprender a lição com ele.
− Que isto, doido? Cê jogou todo o pó lá embaixo? É brincadeira,
eu não tô acreditando nisto!
− Ainda tem no seu bolso, esqueceu? Só que eu tô fora, brother! Este
camarada já teve a minha idade, e eu tenho uma gata que amo muito, e não quero
vê-la casada com outro, você disse que ele foi um fraco, tudo bem eu concordo!
Mas até quando nós seremos fortes?
Por acaso já foi nestes hospitais psiquiátricos para ver a maior
causa das internações? Já viu como ficam as cadeias, a situação miserável na
qual vivem os detentos, e a maioria deles começou apenas de um trago de
maconha.
OLHA!
Se você ta afim, vai fundo! Mas aproveita e pula logo atrás deste
camarada, não espere ter que sofrer tanto para fazê-lo mais tarde, isto é, se
não acabarem contigo antes. Você sabe que a vida de quem usa droga não vale um cigarro
de maconha, por causa de um simples bagulho muito nego já foi queimado.
− Ei! Espera aí, cara! Aonde você tá indo?
− Eu vou procurar um caminho diferente, tem um chegado meu que era
o maior viciado, mas ele se converteu e...
− Mas a esta hora? Ele deve tá dormindo!
− Não! Eu agora estou indo ver o sol nascer!
"TEXTO DO LIVRO SÍNDROME DAS DROGAS - MURALHAS DA ADOLESCÊNCIA."
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Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. -João, 3:16-
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