Vale
dos leprosos
Maldito
vale dos leprosos
por onde
ninguém quer passar
vegetam
escórias rejeitadas
em
que vidas humilhadas
de
pessoas abandonadas
pelo
vício segregadas.
Onde
finda-se a jornada
e os
sonhos não existem
onde
vivem execrados
comumente
ignorados
onde
há peste fome e dor.
Onde
a falta de amor
onde
os olhos do Senhor
se
comovem em tanta dor.
Maltrapilhos
andarilhos
perambulando
a vegetar
e se
entregam por um trago
e se
vendem pela peste
e se
tornam cafajestes
perante
uma sociedade
tão
hipócrita tão omissa...
Onde
o padre faz o sinal da cruz
o
pastor não fala de Jesus
não
os vejo empenhados
caminhando
lado a lado
neste
vale de leprosos.
Há
tão poucos que o fazem!
E os
políticos engomados
escondem
o estigma dos viciados
pela
maioria deles são ignorados,
mas
são promessas nas eleições
em
demagogas preleções...
E a
polícia muitas vezes
tão
viril com cassetete
avassala
com a peste
e
exercem a violência
a
quem pede a Deus clemência...
Vejo
o vale dos leprosos,
em
cada cidade existe um
e em
cada um existe vários
que
vegetam nestas trevas.
...Eu
me olho no espelho
mesmo
com meus olhos tão vermelhos
não
aventuro-me neste vale
não
extirpo todos os males.
Óh,
meu Deus!...
Dai-me
graça e condição
me
ajuda a ser cristão
que
arregaça suas mangas
e
chafurda neste vale
se
impregne no mau cheiro
para
emanar o seu perfume
resplandecer
todo teu lume
neste
vale de leprosos
onde
já não mais se vive
e se
vive é por um trago.
Trago
uma dor dentro do peito
ao
olhar para este vale
e
ver tantos se humilharem
eu
nada poder fazer
só
estou a escrever,
que
há vidas neste vale
mas
que já não vivem mais!...
Vivemos uma epidemia que
pode ser chamada de pandemia já que há muito deixou de ser uma questão nacional
esta peste que avassala levando uma imensurável quantidade de pessoas ao vício.
Questões sociais,
estruturais, governamentais, enfim!
Tentamos a todo custo
encontrar a razão de as drogas estarem recrudescendo cada vez mais, e é
justamente nesta hora que eu me torno antipático, mas necessário, pois sou
renitente no sentido de dirimir qualquer filosofia que faça apologia ao seu
uso.
Há muito caiu a máscara do
romantismo psicodélico que teve sua prole nos anos sessenta nos alucinógenos
festivais de Woodstock em que o movimento paz e amor colocava os jovens da
época nus e sedentos tanto por sexo como por drogas.
Esta brincadeira tornou-se
tão séria que muitos mitos que na época apregoavam o uso dessas mesmas drogas
acabaram por ela envenenados e muitos morreram de overdose!
Morreram eles, mas não
morreram os seus ideais que não somente contaminaram a sua geração, mas, em uma
espécie de maldição hereditária, levaram cativos os seus filhos e, de geração
em geração, as drogas recrudesceram de forma terrível e com ela a violência.
Juntando-se isso tudo a uma
criação débil como a do adolescente Téo, e quantos como ele vivem por aí
fazendo vítimas e mais vítimas, o que nunca se justificará.
Jovens cuja infância vem
adulterada, deturpada por conceitos pragmáticos egocêntricos individualistas, o
que tem sido outra pandemia, já que a nossa linda juventude quer seja aqui ou
em outra nação sofre uma paulatina anarquia em que se sentem senhores de si
mesmos para fazerem o que bem entendem, e o efeito colateral disso é a
violência generalizada, sem sombra de dúvida.
Assistimos tudo e só
gritamos quando presenciamos alguma atrocidade, alguma barbárie, mas depois de
tudo calmo voltamos para a mesma letargia enquanto a violência no recôndito dos
subconscientes prepara outra vítima, para que nós novamente venhamos alardear,
alvoroçar para depois nos acomodarmos novamente neste maldito círculo vicioso.
Obviamente não posso ser injusto, muitos
arvoram a bandeira desta luta inglória, tanto contra a violência como também
contra as drogas, porém, ao vê-los, lembro-me da história que ouvi sobre um velho professor que gostava
de caminhar pela praia.
Certa
manhã, ele depara-se com um jovem que incansavelmente pegava estrelas− do− mar que
estavam na praia e as arremessava de volta para a água, e ao ser indagado pelo
velho sobre o porquê de tão persistente atitude o jovem lhe respondeu:
− É que o sol vai esquentar, e elas
morrerão se permanecerem aqui.
Um tanto cético, o velho replica:
− Mas existem milhares e milhares delas,
e não tem jeito de salvar todas!
O jovem lança mão de mais uma estrela−
do− mar e exclama:
− Pelo menos para esta aqui tem jeito!
Então o velho professor arregaça as
mangas de sua camisa e começa a ajudar o jovem.
Sinto-me como o jovem dessa história, e
o meu coração se faz em constante clamor.
Senhor!
Sei que
não posso mudar este mundo, mas pelo menos me deixa tentar!
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. -João, 3:16-
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