Certo professor de filosofia ao ver um sereno ancião
assentado sobre a sombra de uma frondosa mangueira, se aproxima do mesmo quando
percebeu que ele lia abstraído as sagradas escrituras ...
Como era um agnóstico, este professor argumenta sobre
a perda de tempo do velho ao meditar sobre um livro tão obsoleto, que por sua
vez se mantinha compenetrado em sua leitura ...
Bastante incomodado, este professor coloca a mão
sobre o livro do velho para que ele pudesse ouvi-lo, mas em silêncio o velho
retira de sua mochila uma suculenta maçã e depois de degusta-la assevera.
- Jamais saberá o saber que tem esta fruta, já
que nunca a experimentou! ...
Entendendo a mensagem o professor de filosofia
usa um outro argumento mais profundo enquanto reporta ao velho um pensamento de
Spinoza.
Para de ficar rezando e batendo no peito!
O que eu quero que faças é que saias pelo mundo
e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que
desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.
Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e
frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos
rios, nos lagos, nas praias.
Aí é onde eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Para de me culpar da tua vida miserável: Eu
nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua
sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que eu te dei e com o qual
podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por
tudo o que te fizeram crer.
Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas
que nada têm a ver comigo ...
Ao perceber que o incomodo professor não iria
parar de molestá-lo, o velho ancião guarda a sua bíblia na mochila e retira da
mesma, um partitura que continha a nona sinfonia de Beethoven e
apresenta a ele que intrigado pergunta o que significava aquilo, mas
silencia-se com a resposta do velho.
- Para você isso não significa nada, é como contemplar
o amanhecer saber que ele vai passar, contemplar uma boa amizade sabendo que um
dia ela vai se acabar, viver a vida sabendo que vai morrer.
- Mas é daí?
O que tem isso a ver?!
- Eu também sou professor e ensino meus alunos a
supremacia da canção!
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