Certo homem estava assentado com a mão em seu punho
sustentando o seu queixo profundamente compenetrado a pensar...
E de tanto
refletir acabou esculpindo a estatua de um homem assentado na mesma posição que
ele se encontrava, e esta estatua esculpida estava com a mão em punho
sustentando o seu queixo a pensar!...
E aquele que a
esculpiu voltou-se a mesma posição e com a mão sob o seu próprio
queixo ficou a pensar, e de tanto pensar acabou rotulando a estatua esculpida
de o pensador.
E eu estou
pensando!...
Com a minha mão
sob meu queixo um tanto abstraído!...
Profundamente
compenetrado a pensar!...
E de tanto pensar
eu já nem sei se a estatua criou o pensador, ou o pensador criou a estatua!
Se foi ele quem a
rotulou!
Ou se foi por ela
ele rotulado, ou se ambos foram juntamente rotulados, ou se eu estou rotulando
esta historia.
Mas pense bem!
Torna-se tudo tão
sem sentido se o sentido de nossas vidas for apenas os nossos sentimentos.
Se tudo que
sentimos é efêmero e inconstante, e os nossos ideais avassalam o momento.
Mas em outro
momento somos apenas pretéritos nostálgicos rompantes da memória.
Ironicamente somos
o passado do amanhã, e seremos o futuro que tão sem lógica menosprezara a tudo
que hoje valorizamos por demais e damos a vida por resgate de nossos valores.
Dimensionamos a
nossa epopeia para que no amanhã o futuro se refira a nós como pretéritos
personagens arquivados na memória.
...E no
memorial constituído seremos insubstituíveis antológicas personalidades que
marcaram épocas.
Em nossos feitos
grandiosos enaltecemos a lembrança, que pouco significa na esperança para quem
seguir em frente em busca de novos ideais.
Somos importantes é
verdade!
Mas que valor tem
aqueles que há séculos passados rogavam para si prerrogativas que hoje achamos
que nos pertence?
Estarias tu a
lembrar-se neste momento:
De um mito do
passado?
Somos eternamente
gratos a eles pelo que fizeram, mas são personagens obsoletos com ideais
rústicos ideologias ignoradas, e ainda que muitos foram a causa maior de hoje
sermos o que somos, sermos como somos.
O ápice que eles
promulgavam é apenas uma historia a se contar e por mais concreta que seja!
Converteu-se em
teoria abstrata e obsoleta mesmo que ainda nos dias de hoje nos seja tão
profícuos, absorvemos seus nutrientes, subjugamos seus protagonizadores,
valorizamos a essência, menosprezamos seus emanadores.
Existe um vácuo
entre o presente e o passado,
outro vácuo entre
o presente e o futuro,
não sabemos de onde
viemos, ou para onde iremos...
E por mais que a
ciência se esmere para propiciar-nos uma consciência solida.
Torna-se insólita
em suas hipotéticas teorias que não consolida a hegemonia momentânea que nos
constituímos.
Há um paradoxo
entre o homem e sua prole simbiótica no ventre e outro paradoxo entre o homem e
os restos mortais de seus progenitores no sepulcro.
Embrionários,
somos tão frágeis, no sepulcro somos tão decadentes, mas no pequeno espaço de
vida somos tão imperativos!
Nossa raça criou filósofos,
cientistas ideólogos, religiosos, “celebres pensadores”.
Mas também criou
déspotas, tiranos, bárbaros e hediondos sanguinários...
Todos!
Foram pequenos
embriões, vulneráveis anônimas perspectivas, mas consolidaram momentaneamente
os seus ideais, avassalaram com os seus conceitos, e depois desceram a
sepultura, para se converterem em escorias do que foi a sua momentânea
vitalidade.
E quantos hoje são
venerados nos seus túmulos onde subservientes incautos beijam o pó da terra que
consumiu a carne putrefata destes ossos que jazem no sepulcro?!
Ser ou não ser? Eis a questão...
Dizia outro celebre pensador.
A estatua ficou no
mesmo lugar estagnada com a mão sob o seu queixo sem vida, o homem que a
construiu levantou-se e criou novas estatuas, seus contempladores criaram novos
ideais avassalaram com novas ideias.
...E homens
viraram estatuas, estatuas viraram santos e vivem venerados, idolatrados, porém
todas estas estatuas amiúde precisam ser muito bem cuidadas para que não se
deteriore com a ação do tempo.
TEMPO.
O tempo não criou
novas estatuas com a mão sob o queixo a pensar!
Mas criou novos
hábitos, preteriu os velhos, e de tempo em tempo, em cada tempo, homens foram
nascendo, homens foram morrendo.
... E de tempo em
tempo a historia foi se contando, a história foi se esquecendo...
A vida por si
mesma é tão sem nexo, tão efêmera, tão incógnita...
É necessário algo
mais do que a tão fútil vida para que ela deixe de ser tão fútil por si mesma.
Ser ou não ser!
Eis a questão.
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